quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Nós, brasileiros, somos masoquistas?

Nada pior que enfrentar um ônibus lotado de manhã
Acordar cedo me deixa de mau humor
Enfrentar um ônibus lotado nesse momento é algo critico.

Entro no ônibus e mal consigo chegar à catraca
Os jovens acham-se idosos demais
Ou simplesmente desejam uma vista panorâmica da rua.

Consigo passar pela catraca...
Mas, tenho um grande desafio pela frente:
Chegar à outra ponta do ônibus!

Recolho minha bolsa, abraço forte os meus livros e respiro fundo
“com licença....com licença”
Peço e vou espremendo-me por entre outros pobres coitados que ali estão.

Consigo chegar ao meio, sempre segurando forte a barra de ferro.
O motorista às vezes esquece que tipo de passageiro está transportando.
Nesse percurso quase caí duas vezes por cima dos outros, meu braço dói, mas, preciso continuar.

Puxo, mais uma vez, o ar para os meus pulmões e sigo...
“com licença...com licença”
Torno a pedir e vou “andando”.
Finalmente encontro um minúsculo espaço e fico feliz por ser magrinha.


Meu braço dói, estou quase sem ar e ainda seguro os meus livros.
Está chovendo e todas as janelas estão fechadas.
Sombrinhas/guarda-chuvas molhados batem na minha perna e molham os meus pés.

“Ai Deus, ninguém merece!”
Penso e percebo que a chuva causou um engarrafamento.

Finalmente, alguém teve compaixão e pediu para segurar os meus livros.
Feliz eu entrego-os e agradeço, as coisas estavam começando a melhorar.
Assim eu pensava....


Alguém resolve descer...
Sou empurrada, quase me levam junto...
No meio do caminho a pessoa se atrapalha e me chuta.
Foi sem querer. Ela me pede desculpas.
A única coisa que posso fazer é desculpá-la.

Ok, essa já foi...tento relaxar um pouco.
Mas, um murmurinho me chama a atenção.
Uma pessoa obesa vai descer...
Fico, praticamente, em desespero......
.........


Meu braço dói, estou quase sem ar, fui empurrada, puxada, chutada....
Alguém suado tocou em mim
Outros perfumados também
Já nem consigo reconhecer o meu perfume...

Toda essa mordomia custou-me apenas R$ 1,85
No final da viagem cheguei à conclusão que brasileiro é masoquista, mesmo sem opção.



A viagem acabou, estou livre, respiro aliviada e penso “Amanhã tem mais!”

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